ALTERAÇÃO DO ENDEREÇO

domingo, 31 de agosto de 2008


Caros, com pena de não ter mais tempo agora:
1. O assunto foi tomando, por assim dizer, a forma de uma estrela de David, de duplo triângulo: num plano, a tríade Vieira - Pessoa - Agostinho; num outro, a tríade Portugal - Europa - Lusofonia. Se quisermos, de um lado a idealização (Império, para manter a palavra) e, do outro, a realização (CPLP como caminho e, em pano de fundo, a globalização planetária). Curiosamente, cada vez mais claramente parece estarmos a falar de coisas completamente diferentes (foi a minha primeira reacção ao ler a "provocação" do Arnaldo); julgo que não estamos, e que nos falta no mapa um 7.º ponto, que não é vértice mas centro da estrela... Lá iremos ao andar da conversa, acho.
2. O que o Renato diz de Vieira, Pessoa e Agostinho é crucial, e merece análise mais funda: por agora, só dizer que o Agostinho está claríssimo, mas que, no Pessoa, a questão do "jogo literário" (precisamente por causa da sua possível confusão com qualquer "jogo interior") tem muito que se lhe diga, para não envolver uma petição de princípio: a de dar por demonstrado precisamente aquilo que em última análise toda a tradição de pensamento "esotérico-religiosa" (em amplíssimo sentido) repudia, e que é a ideia "moderna" de que o acto solitário, por si, não transforma o mundo (incluo neste "acto solitário" tudo o que vai da oração judeo-cristã à prática alquímica ou mágica).
3. Quanto à análise da situação actual, subscrevo quase inteiramente o que disse o Klatuu (o "quase" vem do ponto 2 e nasce só de ser eu, ao contrário, o maior céptico relativamente à minha racionalidade...). O ponto mais importante a meu ver vem trazido pelo Renato, e está nos pontos 4 (de ambos) sobre "europa das pátrias" e "europa imperial".
4. Da europa imperial há que excluir liminarmente a Inglaterra e o seu actual herdeiro americano, como tão perfeitamente compreendeu De Gaulle: o império destes não é império europeu mas império marítimo, e a vocação destes há-de ser sempre a de cercar e neutralizar a hipótese de um império continental (que na actual circunstância só pode ser russo-europeu).
5. De passagem, não penso que Portugal tenha sido alguma vez um império marítimo, ao contrário do que nos ensinam a pensar: marítimas eram, no tempo das nossas Descobertas, as potências com quem conflituámos (Veneza, Inglaterra, Holanda), e por isso a elas se deve a parte "material" da modernidade: o capitalismo na sua forma financeira, por exemplo. Mas à medida que Portugal se expandia (e expandia-se aprendendo, pois foi preciso re-conhecer primeiro o mundo a descobrir) procurou sempre uma plataforma continental em que ganhasse o fôlego de território que nesta faixa da europa lhe faltava, sendo a Índia e o Brasil as sucessivas hipóteses de centrar o império: através da expansão marítima, Portugal buscava penetrar na terra.
(a continuar)
Publicada por Casimiro Ceivães em 22:00:00 2 comentários
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